A despedida de um homem que influenciou gerações
Guerreiro! Assim o define Neusa Maria do Amaral, 60 anos, esposa de Edgar Francisco do Amaral, conhecido como Parafuso, 70, um dos filhos de Otacílio Eustáchio do Amaral e ex-vereador de União da Vitória, tal como o pai.
Hoje (25), completa-se uma semana de sua morte. Amigos, familiares e até aqueles que conheciam só de ouvir falar nesse senhor, afinal ele era um personagem muito conhecido na região, ainda lamentam a perda. Por outro lado, avaliam a trajetória de Otacílio e sorriem, afinal, foram 92 anos de uma vida marcada por boas histórias, dedicação para com à família, às cidades e, é claro, Getúlio Vargas.
A história deste homem que teve grande influência sobre às Gêmeas do Iguaçu, começa em 1945, quando ele deixa sua cidade natal, Soledade (RS), e vai para Cruz Machado (PR), mais tarde, Rio Azul (PR) e posteriormente, União da Vitória e Porto União.
Ao seu lado, sempre ela, sua fiel esposa e amiga, Catarina, 92. Resultado desse amor, nove filhos (oito vivos), 23 netos e 23 bisnetos, com mais três a caminho, num total de 73 anos de casamento.
POLÍTICA
Otacílio foi vereador de 1981 a 1988, um de seus projetos mais conhecidos, é o da rua Dário Antônio Bordin, centro de União da Vitória. Foi também caminhoneiro, taxista e ex-funcionário da copel, copeliano.
Homem de garra, determinado a fazer as coisas exatamente de acordo com a própria personalidade, sem abrir mão de valores morais e éticos que controlavam cada atitude sua.
Edgar, filho de Otacílio, conta que seu pai como político, procurou honrar aquilo que ele tinha de melhor, a honestidade, o caráter e a personalidade forte na hora de tomar as decisões. “Naquela época, década de 80, a política era diferente da qual se tem hoje no Brasil, não apenas em relação ao sistema de governo, mas na própria conduta de alguns políticos”, avalia.
O filho, a pedido do pai, também exerceu o mandato de vereador, quando em 2000, foi eleito, pelo PMDB, com 574 votos. Exerceu a função de 2001 a 2004.
GETÚLIO VARGAS
Todo dia 24 de agosto, aniversário de Getúlio Vargas, Otacílio levava flores até a praça Alvir Riesemberg, frente a Câmara Municipal, e depositava junto ao busto do estadista.
Apesar de ter uma política controladora e populista, Vargas, presidente do Brasil de 1930 até 1945 e de 1951 a1954, teve notoriedade por tomar medidas favoráveis aos trabalhadores.
O getulista Otacílio, antes de morrer, pediu a um dos netos para que a tradição de levar flores ao busto de Vargas, tivesse continuidade.
Getúlio Vargas visitou as Gêmeas do Iguaçu em 1930.
VIDA DE CAMINHONEIRO E CATARINA
No período de sua vida em que era caminhoneiro, Otacílio fazia muitas viagens, às vezes ficava semanas fora devido às dificuldade comuns daquela época, como ruas sem pavimentação, caminhões simples, com menos potência dos que se têm nos dias de hoje, entre outras.
Edgar conta que foi nesse período que sua mãe, Catarina, exerceu papel de pai e mãe ao mesmo tempo. “Meus irmãos e eu sabíamos que nosso pai estava trabalhando duro para que nada faltasse dentro de nossa casa, e nossa mãe precisava cuidar de todos os filhos. Imagine? Não era fácil, mas ela foi e ainda é muito guerreira, cuidou muito bem de nós enquanto nosso pai estava fora”, afirma.
Catarina foi uma mãe amorosa, exalta Edgar. Como sogra, Neusa diz que nunca teve nada para se queixar e que admira como uma mulher pode ter uma história de vida tão bonita e um casamento de 73 anos vividos com um puro amor com o marido. “Eu admiro muito a dona Catarina, a “vó” Catarina. Uma mulher amorosa com todos, pacienciosa, dedicada”, frisa.
Neusa conta que Catarina já há alguns anos sofre de mal de alzheimer, doença neurodegenerativa, que exige cuidados extras da família. “Infelizmente ela tem essa doença, mas temos a certeza que ela saudável, viveu intensamente cada momento de sua vida, ao lado do seu amor, Otacílio”, orgulha-se Neusa.
Ainda, relata que Catarina, sempre muito dedicada, até os seus 90 anos fazia bordados em toalhas de mesa, que não gostava de ficar parada. Hoje, mais debilitada devido a idade e por consequência de diversas cirurgias, seus movimentos são limitados.
Até os seus últimos dias de vida, Otacílio era quem queria ficar responsável pelos cuidados da esposa. “Era até sufocante, de tanto que ele queria cuidar dela”, brinca Neusa.
DESPEDIDA
Perguntado sobre o sentimento que se tem, além do luto, Neusa revela que não pensou nisso ainda direito. Que o sentimento é de perda sim, mas que isso faz parte da vida, e que a morte chegará para todos. “Ele estava mal, fraco, debilitado, ainda estamos naquele impacto, nos conformando, mas sabemos que agora ele descansou e que com certeza está em um lugar muito melhor do que aqui”.
O filho Edgar, diz que o que fica é a lição que o seu pai deixou não só para ele, mas para todos os seus irmãos e familiares, como também amigos e aqueles que conheciam a história dele, Otacílio Eustáchio do Amaral.
Deiwerson Damasceno dos Santos – Jornalista MTB 0011671/PR – Assessoria de Comunicação Social e Cerimonial
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