A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a comunicação dos surdos com o mundo. É língua utilizada pela comunidade surda, reconhecida no Brasil pela lei 10.436 de 2002. Possui estrutura linguística como qualquer idioma. E é através dos sinais e das expressões faciais, que os surdos entendem uma narrativa, uma história e sim, uma sessão da Câmara dos Vereadores. Na verdade, entendendo uma reunião do Legislativo, o surdo, incluso a partir disso, entende como caminha a cidade onde ele vive.
Pensando em todos estes aspectos, a Câmara de União da Vitória oferece a interpretação simultânea das reuniões para a língua de sinais das sessões ordinárias e extraordinárias desde 2015, ou seja, os surdos que assistem as sessões tem direito a acessibilidade também, não tendo barreiras de comunicação. Na época, além das reformas estruturais para atender e respeitar a lei de acessibilidade para as pessoas com deficiência de locomoção, o Legislativo entendeu a necessidade fazer algo pelos surdo também, assegurando o direito linguístico dessa população que, como qualquer outra, tem o direito de saber o que acontece no município
À frente desse trabalho está a professora intérprete, Tatiane Rocha, que além de atuar no Legislativo, é técnica pedagógica no Núcleo Regional da Educação (NRE) de União Vitória e tutora de Letras Libras em uma instituição de ensino superior. É ela quem você vê na telinha da transmissão pela internet, no canto inferior direito. É ela quem está presente no plenário, todas as segundas-feiras, dia de sessão, traduzindo o que os vereadores falam na tribuna e na palavra livre.
Segundo Tatiane, o trabalho em uma Câmara é muito mais do que uma simples tradução. A sinalização é pautada no discurso. As expressões faciais e corporais integram a gramática da língua de sinais. A interpretação ocorre de modo simultâneo, onde a intérprete realiza a melhor escolha de repertórios lexicais para conduzir sua sinalização. Por isso, não se trata de mímica.
“Já passei por saias justas no sentido de que não tem como prever o que irá acontecer durante a sessão, como por exemplo, quando ocorre exaltação de humor, discussões acaloradas, manifestações por parte do público presente”, conta.
Tudo passa literalmente, pelas mãos da intérprete. Até mesmo o Hino Nacional, cantado em todas as sessões, antes do seu início. A sinalização da intérprete e sua postura condizem com o ambiente, o qual requer sinais específicos e postura formal. O hino, portanto, é executado dentro destes moldes.
Tatiane, que age como uma ponte entre o Legislativo e a comunidade surda, conta que também aprendeu ao longo destes quatro anos de trabalho.
“Não sabia como funcionava a questão da gestão pública. Aqui, realmente você entende o que faz um vereador, o que está sendo feito na cidade. É uma forma de se inteirar, visualizar a cidade e futuramente, conhecer o seu candidato, a sua opção”, afirma.
O convite, para aprender um pouco mais também, está aberto, para todos.